- Área: 240 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Diego Romero
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Fabricantes: Allprime, Automatika, Caesarstone, Cia das Telhas, Concreserv, Hesse Móveis, KS Lustres, Lumini, Luzarte, Quarto Crescente
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizada num bairro bastante arborizado e preservado da região metropolitana de São Paulo, dentro de uma acolhedora vila, no centro do bairro chamado de Granja Vianna, ainda em transição entre espaço urbano e rural, o acesso à edificação é feito por uma simpática rua de terra, onde não há ainda instalada infraestrutura pública para captação de águas pluviais ou de esgoto.
Funcionalmente, procurando a harmonia com as características deste entorno, algumas diretrizes são relevantes para a concepção do projeto:
Conter, encaminhar, armazenar e reaproveitar a água da chuva, com a instalação de cisternas modulares, para a implantação de hortas orgânicas irrigadas, para a limpeza, jardins, ofurô, etc.; criar um sistema de esgoto com biodigestor integrado; incorporar ao projeto as árvores existentes no terreno; aproveitar a antiga construção existente nos fundos, construída com tijolinhos e telhas de barro, transformando-a nos dormitórios e reaproveitar a pequena churrasqueira de blocos de concreto aparentes.
O anexo novo e predominante no terreno, é caracterizado por dois blocos, divididos por uma imponente palmeira existente que marca o final do patamar de entrada, coberto por uma claraboia de vidro, à esquerda do patamar temos o escritório e à direita temosa residência.
O conjunto foi construído sobre uma laje radier que constitui o próprio piso da casa, com acabamento em concreto polido, a estrutura aparente feita em tubos de ferro galvanizados, cuja a modulação, além de delimitar as áreas abertas e fechadas do perímetro, também obtém o melhor aproveitamento do dimensionamento das telhas metálicas de dupla-face e poliuretano de alto desempenho termo-acústico, controle térmico que por sua vez é otimizado pela ventilação natural cruzada que as aberturas proporcionam de maneira eficaz.
Conceitualmente, o projeto propõe ao usuário perceber o tempo e permitir que o metabolismo esteja integrado ao entorno. A luz natural estimula a relação vital do organismo com o tempo, as mudanças progressivas de cor, sombras, o clima, as fases da lua, as estrelas. Esse entendimento da associação entre espaço, luz e tempo fez ainda mais sentido para nós após uma visita ao Observatório Astronômico ESO –PARANAL (Chile), onde ouvimos sobre o encontro “Noche Zero" -Deserto do Atacama, e o filme “Nostalgia da Luz”(Direção: Patricio Guzmán), que também explora os paradigmas da relação luz e tempo, influências centrais que precederam a este projeto de “casa-escritório”.
A pequena edificação, térrea e recortada, se “espalha” pelo terreno retangular, alternando áreas externas abertas arborizadas e áreas internas cobertas.
Os espaços externos e internos se integram por meio de grandes aberturas de vidro, definidas pelo estudo de insolação do local e pelas relações estéticas e de sombreamento, que o paisagismo oferece ao ambiente interno.
Durante o dia tem-se uma percepção substancialmente ampliada das dimensões do espaço interno, com a entrada de luz natural e da sombra das árvores ao redor da construção.
As grandes aberturas e a entrada de luz abundante não estão posicionadas ao acaso, no escritório, por exemplo existe uma grande abertura (18m²), frente auma pequena floresta de arvores densas, esta abertura está condicionada a dois níveis de atenuação, um superior triangular que fornece luz constante sem possibilidade de ofuscamento e outro abaixo, com blackout progressivo e segmentado que bloqueia a incidência de luz baixa principalmente nas tardes de inverno.
Durante a noite a percepção de amplitude do espaço é ampliada através da luz, um controle de iluminação dinâmico e flexível, ativados por automação, atuam sobre luminárias de led (3000k IP66) que iluminam por inteiro planos verticais externos e distantes, fazendo com que passem a “fazer parte” das áreas internas, visíveis através das janelas de vidro piso-teto, posicionadas frente a estes planos.
De fora para dentro, além do controle efetivo da percepção dos planos verticais externos, que “ampliam” ou “diminuem” o espaço interno, durante a noite temos também um efeito lúdico, extremamente confortável e relaxante quando se desligam as fontes internas de luz, e se acendem as luminárias externas, pois devido à proximidade da vegetação, criam-se efeitos de luz indireta com projeções de sombra das folhas no teto.
De dentro para fora, os jardins recebem uma luz difusa, suficiente para circular ao redor da casa, o conjunto envidraçado se torna uma espécie de luminária.
Finalmente com as luzes desligadas, a casa está posicionada para ser inundada pela luz da lua.
Não é o que, nem onde, menos ainda quem, o tempo é a metáfora do real, do que entendemos como “existente”, não ocupa espaços, define a obra como construída.